Pequenos cafeicultores brasileiros estão apreensivos com a tarifa de 50% imposta por Trump. Medida pode afetar exportações e ameaçar a subsistência rural.
O anúncio do ex-presidente Donald Trump sobre a imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos importados do Brasil, incluindo o café, está gerando desespero entre pequenos produtores como José Natal da Silva, em Porciúncula (RJ). A medida ameaça não apenas a rentabilidade das lavouras, mas também a sobrevivência de famílias que dependem da agricultura.
O Brasil exporta cerca de 85% da sua produção, com os Estados Unidos sendo o principal comprador, responsável por 16% das vendas externas. A nova tarifa comprometerá diretamente a competitividade do produto brasileiro, podendo causar redução na demanda americana.
Impacto brutal nos pequenos produtores
Para agricultores familiares, que representam mais de dois terços dos produtores de café no Brasil, o impacto pode ser devastador. José Natal, dono de 40 mil pés de café, relata a insegurança: *”A gente luta anos para chegar até aqui, e de repente tudo começa a desmoronar”*, disse em entrevista à AP.
Já Paulo Vitor Menezes Freitas, que cultiva 35 mil pés em Varre-Sai (RJ), alerta: *”Com a tarifa, o valor despenca e o que foi planejado quebra o produtor”*. Os dois agricultores ainda apontam que a tarifa afeta diretamente o custo com máquinas e alumínio — insumos essenciais na produção.
Tarifa tem motivação política e pode mudar a paisagem cafeeira
A decisão dos EUA, segundo analistas, tem forte viés político, em resposta ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, aliado de Trump. A medida gerou revolta e preocupação generalizada, já que redirecionar rapidamente a produção de café para outros mercados é considerado impraticável.
Com a queda de 33% no preço do café arábica desde fevereiro e as incertezas climáticas agravadas pelas mudanças climáticas, os cafeicultores enfrentam um cenário alarmante. Muitos cogitam abandonar as lavouras e buscar outras formas de sustento.
O setor agrícola, que já sofre com secas e margens apertadas, vê na tarifa uma ameaça real à estabilidade econômica rural. A esperança é de que os governos negociem e evitem uma ruptura que possa comprometer a produção do principal exportador mundial de café.