Ruth Moreira, Marília Mendonça

Especialista afirma que acordo feito por Dona Ruth sobre o seguro das vítimas do acidente de Marília Mendonça pode ser questionado legalmente.

Dona Ruth Moreira, mãe de Marília Mendonça, voltou ao centro de uma polêmica após a divulgação de que recebeu 50% do valor do seguro de US$ 1 milhão referente ao acidente aéreo que matou a filha e outras quatro pessoas. Segundo advogados, o acordo, embora homologado pela Justiça, ainda pode ser contestado judicialmente.

A discussão sobre a partilha do seguro do acidente de Marília Mendonça ganhou novos contornos após a advogada Elidian Sales declarar que o acordo firmado por Dona Ruth com as famílias das demais vítimas pode ser alvo de contestação judicial. Segundo a jurista, apesar de ter sido homologado por um juiz, o documento pode ser anulado se for comprovado que houve pressão psicológica, desequilíbrio entre as partes ou prejuízo a herdeiros — principalmente quando envolve menores, como o filho da cantora, Léo.

A advogada explicou que a homologação judicial não representa uma blindagem absoluta: “O papel do juiz é zelar pelo interesse do menor e garantir que não haja abusos ou injustiças no processo”, afirmou à colunista Fábia Oliveira. O ponto mais crítico, segundo especialistas, está no momento em que o acordo foi proposto — de acordo com relatos, menos de 24 horas após a queda da aeronave. Esse fator levanta suspeitas sobre a condição emocional das famílias ao concordarem com os termos, e se estariam realmente aptas a recusar ou negociar de forma justa.

O valor total do seguro era de US$ 1 milhão — o equivalente a cerca de R$ 5,4 milhões —, com US$ 200 mil destinados a cada uma das cinco vítimas. A controvérsia surgiu quando Ruth Moreira teria solicitado 50% da indenização dos demais ocupantes, sob a justificativa de que todos estavam na aeronave a trabalho com Marília. Essa decisão foi homologada, e os valores foram, segundo a defesa de Ruth, integralmente direcionados para uma conta em nome de Léo, neto da matriarca e único herdeiro direto da cantora.

No entanto, a explicação não convenceu a todos. Nas redes sociais, a repercussão do caso gerou indignação. Muitos consideraram o ato insensível, sobretudo pela rapidez da negociação. Há quem questione se, em meio ao luto, as outras famílias tinham clareza sobre os direitos e alternativas legais disponíveis. A percepção é que, embora o trâmite tenha sido legal, a questão moral permanece aberta — e pode ganhar novos capítulos nos tribunais.

Segundo especialistas, se for demonstrado que houve alguma forma de desequilíbrio ou falta de amparo jurídico às famílias envolvidas, uma ação de revisão ou anulação do acordo pode ser iniciada a qualquer momento. A situação reforça um ponto fundamental em casos de tragédia com múltiplas vítimas: mesmo decisões legais podem ser reavaliadas à luz de novos elementos.

A defesa de Dona Ruth mantém a versão de que agiu dentro da legalidade e que tudo foi feito de forma transparente, com aprovação judicial. Ainda assim, o desgaste público continua, mostrando que nem sempre a legitimidade jurídica basta para assegurar a aceitação social de decisões delicadas.