Dupla sertaneja lucra R$ 1,6 milhão em 3 meses via emendas Pix; TCE-MT abre auditoria e expõe repasses de prefeituras.
Um levantamento recente revelou que uma dupla sertaneja faturou impressionantes R$ 1,6 milhão em apenas três meses no Mato Grosso, por meio de contratos com sete prefeituras diferentes. O dinheiro veio de repasses federais das chamadas emendas Pix, que agora estão sob investigação do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT).
O caso se tornou ainda mais polêmico após a confirmação de que esses recursos têm origem em emendas parlamentares individuais de transferência especial — um modelo que tem sido alvo de questionamentos por suposta falta de transparência e controle.
A auditoria do TCE-MT faz parte de uma força-tarefa nacional coordenada pelo STF e visa investigar possíveis irregularidades em transferências que somam bilhões em todo o país.
Emendas Pix na mira: R$ 209 milhões sob investigação em Mato Grosso
O presidente do TCE-MT, Sérgio Ricardo, anunciou a abertura da auditoria durante visita do vice-presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Jorge de Oliveira. Segundo ele, apenas em Mato Grosso, há 75 emendas suspeitas que totalizam mais de R$ 209 milhões — e três delas já foram selecionadas para apuração inicial.
*“Vamos fazer isso com independência e responsabilidade, porque a sociedade tem o direito de saber onde foi parar esse dinheiro”*, declarou Sérgio Ricardo. As três primeiras transferências investigadas somam R$ 33,2 milhões e fazem parte de um escopo mais amplo de análise que envolverá órgãos como a CGU e a Procuradoria-Geral da República.
Shows, contratos e suspeitas: o que se sabe sobre os R$ 1,6 milhão pagos à dupla
A identidade da dupla sertaneja que recebeu os repasses ainda não foi oficialmente divulgada, mas os valores chamam a atenção: em apenas três meses, as prefeituras firmaram contratos milionários com artistas por meio das emendas Pix, recurso federal que deveria ser aplicado em áreas prioritárias como saúde, educação e infraestrutura.
A falta de critérios claros para a destinação desses recursos já havia sido apontada por relatório do TCU, que revelou que 81% das transferências feitas entre 2020 e 2024 não possuem registro de autor e beneficiário final. Pior: mais de 6 mil emendas foram liberadas sem plano de trabalho registrado na plataforma oficial Transfere.gov.br.
STF e TCU apertam cerco: transparência obrigatória em até 90 dias
O ministro Flávio Dino, relator de quatro ações sobre o tema no STF, determinou que os entes federativos terão 90 dias para prestar contas sobre o uso das emendas Pix. A medida é uma tentativa de conter os abusos e escancarar os responsáveis por irregularidades, especialmente em casos como o da dupla sertaneja, em que há fortes indícios de superfaturamento e favorecimento político.
Segundo especialistas, os contratos artísticos estão entre os principais alvos de investigação, já que se valem de brechas legais para justificar valores exorbitantes, sem a devida prestação de contas ou fiscalização.
Com a movimentação do STF, TCU, CGU e Tribunais de Contas Estaduais, a expectativa é que essa prática passe por um verdadeiro pente-fino nos próximos meses, revelando os bastidores de uma estrutura que tem movimentado cifras milionárias com pouca ou nenhuma transparência.