Conheça a trajetória de Bruna Viola, a violeira que conquistou o Brasil com autenticidade e paixão pela música sertaneja raiz.
Bruna Viola é a representante máxima da mulher no universo da música sertaneja raiz. Com sua viola caipira e identidade forte, ela quebrou padrões e se consagrou como símbolo de resistência cultural e força feminina no sertanejo. Sua história é uma ode à tradição, à simplicidade e ao amor pela roça.
Do Mato Grosso para o Brasil: a força da mulher e da viola
Bruna Miranda, conhecida nacionalmente como Bruna Viola, nasceu em 25 de maio de 1993, na cidade de Cuiabá, capital do Mato Grosso. Desde muito pequena, esteve em contato com a música de raiz, influenciada pelo pai, que tocava moda de viola em casa e a incentivava a ouvir clássicos de Tião Carreiro, Liu & Léu, Pena Branca & Xavantinho e outros mestres da música sertaneja tradicional.
Foi aos 11 anos que Bruna ganhou sua primeira viola caipira, instrumento que se tornaria uma extensão de sua alma e sua maior marca registrada. Ela aprendeu a tocar sozinha, de forma autodidata, observando músicos e ouvindo discos antigos. Enquanto a maioria das garotas da sua idade se envolvia com o pop e o eletrônico, Bruna se apaixonava cada vez mais pelas modas de viola e pelos ponteados da tradição sertaneja.
Durante a adolescência, começou a se apresentar em festas de peão, eventos do agro e pequenas feiras culturais do interior do Mato Grosso. Seu talento logo chamou a atenção pela originalidade: uma mulher jovem, bonita, com chapéu, bota e viola, tocando com maestria um estilo dominado por homens. O público se encantava com sua presença de palco, voz firme e respeito pela tradição.
Em 2010, Bruna decidiu profissionalizar sua carreira. Lançou seu primeiro álbum independente e percorreu o país com shows marcados por autenticidade e simplicidade. Mas foi em 2015 que sua carreira decolou de vez com o lançamento do CD e DVD “Bruna Viola – Ao Vivo”, gravado em Cuiabá. O projeto contou com participações de artistas como César Menotti & Fabiano, Chitãozinho & Xororó e Almir Sater, ampliando seu alcance nacional.
Com uma estética que valoriza o campo, a lida, a vida simples e a figura da mulher forte e trabalhadora, Bruna conquistou um público fiel. Ela se tornou símbolo de resistência em meio ao crescimento do sertanejo universitário e do feminejo pop. Sua música não segue tendências — ela honra a tradição e dá voz às mulheres do sertão.
Em 2017, Bruna Viola ganhou o Grammy Latino na categoria “Melhor Álbum de Música Sertaneja” com o disco “Melodias do Sertão”, superando nomes consagrados do gênero. A premiação internacional consagrou sua trajetória e consolidou sua importância no resgate e preservação da cultura sertaneja raiz.
Além dos palcos, Bruna se tornou influente em projetos culturais voltados à música caipira, ministra oficinas de viola e participa de ações educativas para jovens do interior. Ela também se posiciona com firmeza sobre temas como feminismo rural, igualdade de gênero no meio sertanejo e valorização das tradições brasileiras.
Suas redes sociais são um reflexo da sua essência: chapéu na cabeça, bota no pé, amor pelos animais, presença constante em fazendas e o orgulho de dizer que é do sertão. Com mais de 1 milhão de seguidores no Instagram, Bruna usa a internet para conectar gerações, mostrando que a moda de viola continua viva e atual.
Seu repertório inclui músicas como “Moda da Pinga”, “Viola Está Chorando”, “Saudade Dói” e “No Mesmo Céu”, além de versões emocionantes de clássicos caipiras. Em seus shows, a presença de palco é marcada por um misto de reverência e força, com arranjos fiéis à tradição e discursos empoderados.
Bruna também é presença constante em programas de TV, festivais e eventos voltados à cultura sertaneja. Já participou do “Altas Horas”, “Viola, Minha Viola”, “The Noite” e “Encontro”, onde sempre emociona plateias com seu talento e discurso de resistência.
Mesmo após mais de uma década de estrada, Bruna Viola segue firme como defensora da viola caipira e das mulheres do campo. Sua trajetória inspira outras artistas a ocuparem espaço no sertanejo sem abrir mão da essência. Ela provou que é possível fazer sucesso sendo autêntica, fiel às raízes e comprometida com a cultura popular.
Hoje, Bruna não é apenas uma cantora — é um símbolo. Um elo entre passado e futuro, tradição e modernidade, feminino e rural. Ela é prova viva de que a música de verdade não morre, e que o sertão ainda tem muito a ensinar ao Brasil urbano e digital.