Cantor sertanejo João Vitor Malachias será julgado por feminicídio brutal da dentista Bruna Angleri em Araras. Relembre o caso e entenda as acusações.
João Vitor Malachias, cantor sertanejo, enfrenta nesta quarta-feira (16) um julgamento decisivo. Acusado de assassinar brutalmente a dentista Bruna Angleri, o artista responde por feminicídio com agravantes cruéis em um caso que chocou o país.
Feminicídio, fuga e julgamento: os desdobramentos do crime
O julgamento de João Vitor Malachias teve início às 8h30 no Fórum de Araras, interior de São Paulo. Ele é acusado de cometer feminicídio por motivo torpe, com meio cruel e mediante recurso que dificultou a defesa da vítima. O crime, ocorrido em setembro de 2023, foi marcado por extrema violência e indícios de premeditação.
Bruna Angleri, dentista de 40 anos, foi encontrada morta pela própria mãe dentro de casa, em um condomínio de alto padrão. O corpo apresentava sinais de agressões violentas e estava parcialmente carbonizado sobre a cama. A brutalidade do assassinato e a frieza do crime rapidamente mobilizaram a opinião pública e a polícia da região.
O relacionamento entre Bruna e João Vitor durou apenas alguns meses, mas já havia histórico de violência. O cantor chegou a descumprir medidas protetivas e responde também por violência doméstica, furto e destruição de cadáver. Mesmo diante das evidências, ele nega envolvimento no crime.
Após o assassinato, João Vitor tentou fugir da cidade. Ele foi localizado dez dias depois em um posto de combustível entre Ribeirão Preto e Cravinhos, a caminho de Goiás. Durante a fuga, percorreu 23 km por canaviais da região, o que levantou suspeitas de que teria recebido ajuda externa. Apesar disso, foi capturado e teve sua prisão temporária convertida em preventiva no mês seguinte.
Durante a fase inicial da investigação, o cantor recusou-se a realizar exames de corpo de delito e optou por permanecer em silêncio, utilizando o direito constitucional de não produzir provas contra si mesmo. A postura gerou críticas por parte da opinião pública e dos familiares da vítima.
O caso apresenta indícios consistentes que sustentam a acusação de feminicídio. A perícia constatou sinais de espancamento, tentativa de ocultação do corpo e ausência de resistência da vítima, indicando que Bruna pode ter sido surpreendida enquanto dormia ou imobilizada previamente. O laudo também identificou a presença de produtos inflamáveis no ambiente, usados para carbonizar parcialmente o corpo.
O Ministério Público sustenta que o crime foi motivado por ciúmes e desejo de controle. A promotoria destaca o comportamento possessivo e agressivo do réu, além do histórico de ameaças e episódios anteriores de violência. A defesa, por sua vez, alega ausência de provas diretas que vinculem João Vitor ao assassinato, e aposta na tese de fragilidade nos indícios.
Durante o julgamento, a expectativa é de que familiares, testemunhas e peritos sejam ouvidos ao longo do dia. A decisão do júri popular deverá ser anunciada ainda esta semana, dependendo do andamento das audiências. O caso é acompanhado de perto por organizações de defesa dos direitos das mulheres e por veículos da imprensa nacional.
Bruna Angleri era uma profissional respeitada e muito querida em Araras. Sua morte brutal reacendeu o debate sobre feminicídio no Brasil e a eficácia das medidas protetivas concedidas pelo sistema judiciário. O julgamento de João Vitor Malachias pode representar um marco simbólico na luta contra a violência de gênero.