O Conselho do Corinthians vota nesta segunda-feira o impeachment do presidente Augusto Melo por suspeitas de irregularidades no caso VaideBet.
Resumo: O Conselho Deliberativo do Corinthians se reúne nesta segunda-feira (27) para decidir se o presidente Augusto Melo será afastado do cargo. A votação ocorre após suspeitas de irregularidades no contrato com a VaideBet, desrespeito ao estatuto do clube e infração à Lei Geral do Esporte. A reunião está marcada para as 18h no Parque São Jorge.
Como começou o processo
O processo teve início em dezembro de 2024, quando conselheiros tentaram se reunir para votar o impeachment, mas foram impedidos por liminar judicial. Posteriormente, a liminar foi derrubada, e a admissibilidade da denúncia foi aprovada em janeiro por 126 votos a 114, permitindo a abertura formal do processo.
Como será a votação
A reunião contará com a apresentação da Comissão de Ética e da defesa de Augusto Melo, que terá 30 minutos para argumentar. A votação será secreta e em cédula de papel. Para ser aprovado o impeachment, é necessária maioria simples dos aproximadamente 300 conselheiros.
Há divergência quanto ao número de conselheiros aptos a votar. Parte do clube defende que apenas os presentes na reunião suspensa em janeiro podem votar, enquanto outra parte defende a participação de todos os conselheiros.
Consequências do impeachment
Caso o impeachment seja aprovado, Augusto Melo será afastado imediatamente. O vice-presidente Osmar Stábile assumirá interinamente. Uma assembleia geral de sócios deverá ser convocada para ratificar a decisão. Se os sócios confirmarem o afastamento, o Conselho Deliberativo elegerá um novo presidente para concluir o mandato até 2026.
Motivos para o pedido
O pedido de impeachment cita os seguintes motivos, conforme o estatuto do clube:
- Prática de crime infamante com sentença condenatória;
- Prejuízo ao patrimônio ou imagem do clube por ação ou omissão;
- Contas não aprovadas da gestão;
- Violação do estatuto por ação ou omissão;
- Prática de gestão irregular ou temerária.
O foco da denúncia são as suspeitas de irregularidade no contrato com a VaideBet, que levou ao indiciamento criminal de Augusto Melo por furto qualificado, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
A defesa do presidente tem afirmado que o processo de impeachment tem caráter político e visa desestabilizar sua gestão. Augusto Melo vem reforçando sua inocência e afirma que as acusações não têm fundamento técnico. Em entrevistas recentes, declarou que sua atuação no contrato com a VaideBet seguiu as normas legais e que as decisões foram tomadas com o aval de outros membros da diretoria.
O caso da VaideBet ganhou repercussão nacional após a divulgação de que a intermediação do contrato foi feita por uma empresa laranja, sem vínculo direto com marketing esportivo, recebendo comissão milionária. A suspeita levantou questionamentos sobre a transparência da operação e sobre quem se beneficiou com os valores.
Documentos apresentados pela Comissão de Ética apontam inconsistências nas informações prestadas por Augusto Melo sobre o processo de contratação da patrocinadora. Além disso, há relatos de omissão deliberada ao Conselho, que deveria ser informado previamente sobre contratos de grande porte, conforme previsto no estatuto.
O clima no Parque São Jorge é de tensão. A expectativa é de uma sessão longa, com debates acalorados entre conselheiros alinhados ao presidente e opositores. A segurança também será reforçada, já que nas últimas sessões houve momentos de tumulto e protestos organizados por torcedores nas imediações.
Independente do resultado da votação, o episódio evidencia uma crise institucional no clube. Especialistas em gestão esportiva apontam que a situação pode impactar não só a governança, mas também o desempenho do time em campo, já que cria um ambiente instável nos bastidores e afeta a imagem da marca Corinthians perante patrocinadores, torcedores e o mercado.
Enquanto o desfecho não chega, os torcedores aguardam com expectativa a decisão do Conselho. Caso seja afastado, Augusto Melo será o segundo presidente do Corinthians a sofrer impeachment na história recente, fato que demonstra a crescente cobrança por transparência e responsabilidade nas gestões dos clubes de futebol.