Especial “Amigas”, da Globo, tenta homenagear o sertanejo feminino, mas desagrada ao deixar grandes nomes de fora e errar na proposta.
A TV Globo reuniu um elenco de peso para gravar o especial de fim de ano “Amigas”, uma tentativa de criar uma versão feminina do icônico festival sertanejo dos anos 90, o “Amigos”. Com Maiara e Maraísa, Lauana Prado, Ana Castela e Simone Mendes, o projeto tinha tudo para ser um sucesso. Contudo, críticas começaram a surgir antes mesmo da exibição, apontando escolhas duvidosas e um planejamento que deixou a desejar.
O especial, claramente inspirado no lendário show que uniu Chitãozinho & Xororó, Zezé Di Camargo & Luciano e Leonardo, busca replicar a fórmula do sucesso. O festival original, produzido pelo diretor Aloysio Legey na década de 90, marcou época e foi responsável por consolidar o sertanejo nas telinhas e nos palcos, com turnês lotadas e uma audiência esmagadora na TV.
Por que o especial “Amigas” não convence?
Ao contrário do “Amigos”, que já havia sido validado pelo público em turnês de sucesso, o projeto “Amigas” surge sem um histórico ou contexto que sustente seu apelo. Muitos fãs do sertanejo feminino questionaram a ausência de artistas que foram essenciais para o movimento, como Roberta Miranda, Paula Fernandes e Naiara Azevedo.
Além disso, o especial ignora o impacto de projetos que de fato mobilizaram o público, como “As Patroas”, formado por Marília Mendonça, Maiara e Maraísa, um fenômeno que a Globo optou por não abraçar no auge de sua popularidade.
Falta de representatividade no “Feminejo”
A tentativa de recriar o espírito do “Amigos” com o especial “Amigas” tropeça justamente na falta de reconhecimento das mulheres que ajudaram a moldar o feminejo. Artistas pioneiras, como Roberta Miranda, que abriu portas para mulheres no sertanejo, e sucessoras consagradas, como Marília Mendonça, não podem ser ignoradas em um evento com essa proposta.
Outra crítica recorrente é o atraso da Globo em abraçar o movimento feminino no sertanejo. Quando o feminejo explodiu com força há cerca de uma década, a emissora preferiu ignorar o fenômeno, que cresceu independentemente e conquistou o Brasil com letras que empoderam mulheres e emocionam diferentes gerações.
O público espera mais do especial
Embora o elenco escalado seja talentoso e tenha representantes de destaque na música sertaneja atual, muitos fãs questionam se a escolha foi estratégica ou apenas uma tentativa de preencher a grade de fim de ano.
A ausência de uma conexão real com o público e a falta de nomes históricos enfraquecem o projeto, deixando a impressão de que a Globo está tentando replicar sucessos passados sem compreender a evolução do sertanejo.
A Globo precisa resgatar sua essência inovadora
Uma emissora que já foi sinônimo de inovação, como a Globo nos anos 90, parece agora estar enxergando o mercado sertanejo apenas pelo retrovisor. A falta de sensibilidade em abraçar o feminejo no auge de sua força e o erro de planejamento no especial “Amigas” mostram que a emissora precisa recuperar sua visão de vanguarda.
Apesar das críticas, o público ainda torce para que o especial surpreenda e celebre de forma justa a força das mulheres no sertanejo. Mas, para isso, a Globo precisará repensar suas escolhas e reconhecer quem realmente fez história no gênero.