Leonardo é incluído na lista suja do trabalho escravo após operação em suas fazendas. Conheça os detalhes da acusação e a resposta do cantor.

O cantor sertanejo Leonardo, um dos maiores nomes da música brasileira, foi recentemente incluído na “lista suja” do trabalho escravo, divulgada pelo Ministério do Trabalho e Emprego (MTE). A atualização, realizada nesta segunda-feira (7), revela que o nome de Emival Eterno da Costa, mais conhecido como Leonardo, figura entre os 176 novos inclusos, após uma fiscalização nas fazendas do artista no município de Jussara, no interior de Goiás. A operação encontrou seis trabalhadores, incluindo um adolescente de 17 anos, em condições degradantes, configurando uma violação grave das leis trabalhistas.

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A entrada de Leonardo na lista do trabalho escravo tem causado polêmica e gerado grande repercussão entre fãs e a mídia. De acordo com o relatório de fiscalização acessado pela Repórter Brasil, as condições dos trabalhadores eram precárias, com alojamentos em uma casa abandonada, sem acesso a água potável, banheiros ou camas adequadas. A situação era agravada pela presença de insetos, morcegos, e um forte odor de sujeira no local.

A Responsabilidade pela Fazenda

A propriedade Fazenda Talismã pertence a Leonardo e é uma das mais valiosas de sua fortuna, avaliada em R$ 60 milhões. Durante a fiscalização, além dos trabalhadores em condições análogas à escravidão, foram encontradas outras 12 pessoas trabalhando sem carteira assinada, configurando uma situação de total informalidade. Segundo o advogado de Leonardo, Paulo Vaz, o cantor não é o responsável direto pela contratação desses trabalhadores, já que o local onde ocorreu a infração estaria arrendado para um terceiro, que teria assumido a responsabilidade pelos trabalhadores.

Contudo, a fiscalização concluiu que, independentemente do arrendamento, a responsabilidade pela limpeza e manutenção do local ainda recai sobre o proprietário da terra, ou seja, Leonardo. Entre as atividades realizadas pelos trabalhadores estava o preparo do terreno para o cultivo de soja, um dos principais negócios da fazenda.

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Condições Degradantes de Trabalho

O relatório dos fiscais detalhou as condições chocantes nas quais os trabalhadores viviam. Eles eram obrigados a dormir em tábuas de madeira e galões de agrotóxicos improvisados como camas. Não havia qualquer infraestrutura para higiene pessoal, e o local era infestado por fezes de morcego, formigas e cupins. Um dos trabalhadores relatou que, durante as noites de chuva, sua cama ficava encharcada, pois o telhado do alojamento estava cheio de falhas e sem manutenção adequada.

Um dos casos mais alarmantes foi o de um adolescente de 17 anos encontrado entre os trabalhadores. Ele e seus parentes haviam sido recrutados para a “catação de raízes”, um trabalho considerado extremamente perigoso e que está na lista das piores formas de trabalho infantil proibidas para menores de 18 anos. A equipe de fiscalização também ressaltou que a jornada dos trabalhadores era exaustiva, começando antes das 6h da manhã e se estendendo por longas horas sem dias de descanso.

Leonardo e Seu Envolvimento na Situação

O cantor, que comemorou seu aniversário em uma festa luxuosa na mesma fazenda, se defende das acusações por meio de seus advogados, afirmando que não sabia das condições dos trabalhadores. O irmão de Leonardo, Robson Alessandro Costa, também foi mencionado no relatório como sendo o principal responsável pela administração da fazenda, inclusive supervisionando as atividades que estavam em andamento no dia da fiscalização.

Apesar da defesa de Leonardo, a inclusão de seu nome na lista suja do trabalho escravo coloca uma mancha significativa em sua imagem pública, além de acarretar possíveis consequências financeiras e comerciais. Empresas que mantêm práticas de responsabilidade social utilizam a lista como referência para evitar relações comerciais com aqueles incluídos no cadastro.

Consequências da Inclusão na Lista Suja

A inclusão de Leonardo na lista suja do trabalho escravo poderá impactar diretamente suas atividades empresariais e o acesso a linhas de crédito, além de prejudicar sua reputação. Empresas, tanto nacionais quanto internacionais, tendem a evitar qualquer tipo de relação com empregadores que estejam vinculados a esse tipo de prática, por razões éticas e de compliance. Essa transparência pública é fundamental no combate à escravidão contemporânea no Brasil, sendo reconhecida inclusive pelas Nações Unidas.

A lista suja é considerada um dos instrumentos mais eficazes do mundo para combater trabalho escravo. Ela só inclui empregadores após um processo administrativo completo, com direito a defesa em todas as instâncias. Com a recente atualização, já são 727 nomes incluídos na lista, e os empregadores permanecem nela por um período mínimo de dois anos.

O Trabalho Escravo no Brasil

O trabalho escravo é uma realidade ainda presente no Brasil, e o Código Penal do país define quatro elementos que podem caracterizá-lo: trabalho forçado, servidão por dívida, condições degradantes e jornada exaustiva. O Brasil tem se destacado nos últimos anos por intensificar a fiscalização e o combate a essas práticas, com mais de 63,5 mil trabalhadores resgatados desde a criação dos grupos de fiscalização móvel em 1995.

O caso de Leonardo é mais um capítulo dessa luta contínua contra a exploração dos trabalhadores em condições que violam sua dignidade e direitos fundamentais.

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