Após perder a guarda do neto para Murilo Huff, mãe de Marília Mendonça solicita bloqueio das contas da cantora. Advogados explicam se medida é comum.
Após decisão liminar que concedeu a guarda unilateral de Léo a Murilo Huff, a mãe de Marília Mendonça, Ruth Moreira, entrou com recurso e solicitou o bloqueio das contas com valores referentes à herança da cantora. Especialistas explicam se esse tipo de ação é prática comum em disputas envolvendo herdeiros menores.
Bloqueio das contas de Marília Mendonça: medida comum ou atitude drástica?
O caso envolvendo a guarda do filho de Marília Mendonça ganhou novos contornos com o pedido de bloqueio das contas bancárias feito por Ruth Moreira. A solicitação, que acompanha o recurso contra a decisão da guarda, gerou dúvidas sobre sua legalidade e frequência em processos de disputa de bens.
Especialistas ouvidos afirmam que o bloqueio judicial de bens é uma medida preventiva comum em disputas que envolvem herdeiros menores. A advogada Marina Dinamarco explica: *“Visa preservar o patrimônio até que o inventário seja concluído. Evita movimentações indevidas e garante que o acervo hereditário seja apurado e garantido”*.
A herança de Marília Mendonça segue crescendo, mesmo após sua morte, devido à renda proveniente de direitos autorais, streamings e redes sociais. Pela Lei 9.610/98, os direitos patrimoniais do artista permanecem válidos por 70 anos após seu falecimento — o que transforma o espólio da cantora em uma fortuna duradoura para seu filho Léo.
Quem pode administrar os bens do herdeiro e como a Justiça age nesses casos?
Com a guarda unilateral provisória concedida a Murilo Huff, ele passa a ter o direito de administrar os bens do filho. No entanto, como alerta Dinamarco, essa administração requer autorização judicial para movimentações significativas, como venda de imóveis ou grandes saques.
O Código Civil permite que, havendo indícios de má gestão ou conflito familiar acentuado, um tutor judicial independente seja nomeado para cuidar exclusivamente do espólio. Esse tutor pode ser indicado por testamento ou nomeado pelo juiz com base nos melhores interesses da criança.
O advogado Fábio Botelho Egas destaca: *“A sucessão é automática, mas a administração exige vigilância. E, acima de tudo, respeito ao melhor interesse da criança”*.
Debate sobre herança digital e planejamento sucessório
O caso também levantou discussões sobre a importância do planejamento sucessório, especialmente para artistas e influenciadores digitais. O testamento ainda é a melhor ferramenta para garantir que os bens — inclusive digitais — sejam administrados por pessoas de confiança.
Além disso, os advogados reforçam que o patrimônio de Marília inclui bens digitais — como contas monetizadas, músicas e conteúdos autorais —, exigindo gestão cuidadosa para assegurar a rentabilidade e proteção a longo prazo para o herdeiro.
Com a disputa judicial ainda em andamento, a decisão sobre o destino do espólio da cantora será acompanhada de perto. Enquanto isso, Ruth Moreira, inconformada com a perda da guarda, afirma que vai continuar lutando na Justiça para manter sua presença na vida do neto Léo, hoje com apenas 4 anos.
Disputa familiar em torno de herança milionária acirra tensões
A tensão entre as famílias tornou-se ainda mais pública após Ruth declarar, em entrevista ao *Fantástico*, que está vivendo um “novo luto”, agora pela distância do neto. Em contrapartida, Murilo Huff garantiu que não pretende impedir a convivência da avó com o menino, mas prioriza um ambiente mais equilibrado, especialmente diante da diabetes tipo 1 que Léo enfrenta.
Esse é mais um capítulo delicado envolvendo a família de Marília Mendonça, cuja ausência ainda repercute fortemente no cenário da música brasileira. A cantora, que faleceu em novembro de 2021 em um trágico acidente aéreo, segue gerando repercussões emocionais, legais e financeiras em torno de sua herança.