Maiara e Maraísa enfrentam críticas após publicar a música “Borderline”, associando o transtorno a relacionamentos abusivos.
A dupla sertaneja Maiara e Maraisa, virou assunto nas redes sociais após a publicação de um vídeo onde canta a música inédita “Borderline”. A canção fez menção ao Transtorno de Personalidade Borderline (TPB), utilizando a condição para comentar sobre relacionamentos abusivos. A letra quebrou silêncios e trouxe à tona discussões sobre preconceito e a saúde mental, sendo qualificada por muitos como psicofobia.
O Impacto da Letra
A canção “Borderline” da dupla Maiara e Maraisa representa um diálogo entre duas pessoas, onde uma aconselha a outra sobre um relacionamento com um parceiro “instável” e “extremo”, que, segundo a letra, se encaixa no perfil de alguém com TPB. Frases como “ele é controlador” e “não leve adiante algo que pode terminar em um casamento horrível” evidenciam esta visão. Além disso, a letra insinuou que a pessoa em questão pode ser, em determinados momentos, “um anjo” e, em outros, “um demônio”, culminando com o adjetivo de “maluco”.
A repercussão foi intensa: Maraísa publicou o vídeo em uma plataforma no sábado, mas retirou-o no dia seguinte, em meio a uma onda de críticas da comunidade e fãs.
Críticas e Reações
Uma das reações mais notáveis veio de Andressa Urach, uma influenciadora digital diagnosticada com TPB. Em suas redes sociais, ela expressou repúdio em relação à canção e ressaltou que a letra perpetua estigmas prejudiciais. Segundo Andressa, “nós, portadores de TPB, nos sentimos ofendidos. Isso causa um preconceito severo e afeta a saúde mental de muitos”. Ela ainda completou, “isso é crime, e estamos nos unindo para fazer uma denúncia ao Ministério Público”.
Esse tipo de crítica mostra como a música, que poderia ser interpretada como um alerta sobre relacionamentos tóxicos, acaba se transformando em um exemplo de discriminação contra condições de saúde mental.
A Voz da Experiência
Juliana Mendes, uma internauta diagnosticada com TPB, compartilhou sua experiência pessoal nas redes sociais. Após ouvir a canção, Juliana relatou que teve uma crise emocional e ficou envergonhada diante de seu marido. “Eu era fã dela. Quando ouvi, fiquei gelada e quis terminar meu casamento de 12 anos porque me sentia ‘tóxica’ e ‘um demônio’”, revelou. Somente depois de agir com sua equipe de apoio, ela conseguiu recuperar a calma.
Esses relatos apontam como a música pode agravar traumas emocionais e reforçar estigmas, levando a danos psicológicos em pessoas que vivem com TPB.
As Implicações do Transtorno
O Transtorno de Personalidade Borderline é caracterizado por instabilidade em relacionamentos, autoimagem e emoções. Portadores muitas vezes lutam contra uma sensação de vazio profundo e um medo intenso de serem abandonados emocionalmente. As reações podem ser exacerbadas por eventos aparentemente corriqueiros, afetando a vida cotidiano e a saúde mental.
O tratamento para TPB inclui terapia e, em alguns casos, medicamentos. Contudo, a compreensão e a empatia em relação ao transtorno na sociedade são fundamentais para tornar a convivência menos dolorosa para aqueles afetados.
A Resposta de Maiara e Maraisa
Diante da enorme repercussão negativa, Maraísa demonstrou estar abalada. A assessoria da cantora informou que não haverá declaração oficial sobre o caso, e a situação criou um clima de incerteza sobre o futuro lançamento da música. A retirada do vídeo de suas redes sociais é vista como um reconhecimento de que a abordagem sobre o TPB foi problemática.
Reflexões sobre Saúde Mental
Esse incidente ressalta a necessidade de uma abordagem mais sensível e informada sobre questões de saúde mental na música e em outras formas de arte. A utilização de temas tão delicados como TPB precisa ser feita com responsabilidade, levando em conta o impacto que essas mensagens podem ter sobre a audiência.
Vários especialistas em saúde mental, como a neuropsicóloga Taty Ades, comentaram que conteúdos dessa natureza podem se transformar em ferramentas de discriminação e não exatamente de alerta ou proteção. “O que parece uma tentativa de ajudar acaba sendo uma forma grave de psicofobia”, declarou ao Metrópoles.
O Caminho a Seguir
Enquanto a indústria da música se adapta e procura utilizar suas plataformas para promover conscientização e saúde mental, ouvintes e artistas precisam se unir para construir um diálogo mais positivo e respeitoso. É essencial que produções artísticas reflitam um entendimento profundo e empático sobre condições de saúde mental.
As vozes de pessoas que viveram ou vivem essas experiências, como Juliana e Andressa, devem ser amplificadas e levadas em consideração. Uma abordagem informativa e consciente pode ajudar a desmitificar transtornos mentais, promovendo compreensão e empatia.
Conclusão
O caso de Maraísa e sua música “Borderline” é um lembrete sobre a responsabilidade que artistas têm ao abordar temas sensíveis. A saúde mental merece ser tratada com respeito e compreensão, e é fundamental que as palavras utilizadas na música promovam reflexão e apoio, ao invés de reforçar estigmas. Nessa era digital, onde a comunicação é instantânea, a responsabilidade social nunca foi tão importante.