Ronaldo Torres é acusado de roubar músicas de artistas famosos, inclusive de Murilo Huff; investigação revela fraude complexa e expõe bastidores do sertanejo

O mundo do sertanejo foi abalado por um escândalo que coloca em xeque a integridade da indústria musical. O cantor Murilo Huff, conhecido por sua voz marcante e sucessos nas plataformas de streaming, foi um dos alvos de uma trama audaciosa protagonizada por Ronaldo Torres Souza, acusado de roubo de músicas e violação dos direitos autorais de diversos artistas.

Sob o pseudônimo de Almir Torres, Ronaldo publicou composições que não eram suas, incluindo faixas já lançadas por Murilo Huff, o que despertou o alerta do Ministério Público de Goiás (MPGO). Segundo a denúncia, “a ousadia é tamanha que sobrou até para músicas e a própria voz de Murilo Huff”, indicando que até mesmo gravações com a voz do cantor foram indevidamente utilizadas.

Ronaldo operava um esquema com pseudônimos e “fazenda de streaming”

A investigação revelou um esquema bem estruturado. Ronaldo Torres não atuava sozinho, mas por trás de uma rede de identidades falsas. Utilizando nomes como Aldo Vanuti, Carlos Max e Cesar Baroni, ele atribuía a si composições de terceiros e lançava os conteúdos como se fossem criações próprias.

O golpe era ainda mais sofisticado: Ronaldo coletava guias de músicas (versões voz e violão) enviadas em grupos de WhatsApp por compositores e produtores, armazenava os áudios e os publicava como seus, sem qualquer modificação. Para aumentar sua visibilidade, utilizava inteligência artificial para criar capas de discos e gerava números inflacionados com uma “fazenda de streaming” composta por 21 computadores tocando suas músicas repetidamente.

Essa combinação de manipulação digital, falsidade ideológica e usurpação de propriedade intelectual coloca o caso entre os mais graves já registrados no meio musical sertanejo.

Impacto devastador e silêncio das plataformas digitais

Murilo Huff

A repercussão desse escândalo no sertanejo já afeta a imagem do gênero, com questionamentos sobre a segurança da autoria no ambiente digital. Compositores estão assustados, artistas indignados e o público perplexo com a facilidade com que conteúdos foram apropriados.

O MPGO confirmou que as músicas publicadas por Ronaldo violam leis de direitos autorais, e a crítica agora se estende às plataformas como o Spotify, que até o momento não se posicionou sobre as falhas de segurança em seus sistemas de verificação de autoria. O silêncio da empresa levanta uma questão séria: como proteger a criatividade dos artistas diante de fraudes cada vez mais elaboradas?

Ronaldo se vitimiza e afirma estar em tratamento

Enquanto o caso segue sob investigação, Ronaldo Torres colabora com as autoridades. Seu empresário, Sílvio França, tentou minimizar os impactos dizendo que o cantor “não tem histórico criminal” e que está buscando ajuda psicológica. “Cadeia não cura ninguém”, afirmou, em tom de desabafo, sugerindo que Ronaldo deseja retomar sua carreira.

A defesa de Ronaldo tenta humanizar sua imagem, mas o dano causado às vítimas e à credibilidade do sertanejo é imensurável. A confiança entre compositores e produtores foi abalada, e Murilo Huff, mesmo em silêncio, vê seu nome envolvido num episódio que pode redefinir a forma como o mercado trata a propriedade artística.

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