A polêmica e esquecida novela da Globo: Um Sonho a Mais e seu beijo gay histórico
No dia 2 de agosto de 1985, a Globo exibia o último capítulo de Um Sonho a Mais, uma produção que, apesar de seu impacto inicial, foi rapidamente esquecida. Com um beijo entre homens que desafiou a censura da época, a novela de Ney Latorraca carrega um peso histórico que suscita discussões até hoje.
O inédito beijo gay em Um Sonho a Mais
Quarenta anos após sua exibição, Um Sonho a Mais se torna objeto de reflexão. A novela, que marcou a trajetória de Ney Latorraca com cinco personagens distintos, estreou em 4 de fevereiro de 1985, mas rapidamente caiu no esquecimento da própria emissora.
Criada a partir de um argumento de Lauro César Muniz, a trama inspirava-se na peça Volpone, onde Latorraca interpretou um milionário voltando ao Brasil após um longo período de exílio. A história, embora intrigante, não conquistou o público, sendo considerada um verdadeiro fracasso por muitos críticos.
As críticas variavam, mas uma não podia ser ignorada: a inédita inclusão de um beijo entre dois homens. Essa ousadia, que poderia ter sido um divisor de águas na televisão brasileira, não foi suficiente para sustentar a audiência da novela, que foi rapidamente reformatada após ser rejeitada.
Em sua época, Um Sonho a Mais chegou a registrar média de 50 pontos de audiência, mas ainda assim a Globo decidiu afastar Más, o jovem autor da trama, devido à falta de engajamento do público. Segundo registros, a emissora conduziu uma pesquisa que indicava que a abordagem da elite carioca caiu em descrédito entre os telespectadores.
A mudança de autor teve forte impacto nas narrativas da TV brasileira, estabelecendo um padrão para futuras produções que ainda é debatido. A primeira novela a exibir um beijo gay foi em meio a um cenário resistente, mas o pouco impacto simbólico dessa cena fazia parte de uma crítica maior ao conservadorismo da sociedade da época.
Por mais que a novela tenha sido arquivada pelo canal, seu resgate pelo Globoplay promete reavivar discussões sobre a sexualidade e a diversidade em um meio que ainda luta para ser verdadeiramente inclusivo.