Famílias de vítimas do acidente de Marília Mendonça se unem em campanha contra divisão desigual do seguro. Indenização causa revolta.
O caso da indenização milionária paga após o acidente aéreo que matou Marília Mendonça ganhou novos contornos e pode passar por uma reviravolta judicial. Familiares das demais vítimas, como o produtor Henrique Bahia e o piloto Geraldo Martins, demonstram indignação com a divisão desigual dos valores pagos pelo seguro.
Estima-se que a família da cantora tenha recebido cerca de R$ 5,5 milhões, quase metade do total da apólice. O restante foi distribuído entre as famílias das outras quatro vítimas: o piloto, o copiloto, o assessor Abiceli Silveira e o produtor Henrique Bahia. Segundo Dona Ruth Moreira, mãe da cantora, o acordo foi sugerido pela empresa de táxi aéreo e validado judicialmente.
“O juiz entendeu que a maior parte deveria ir para a Marília. Foi decisão dele, eu apenas fui informada”, afirmou Dona Ruth em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo. Ela também revelou que vivia o luto duplo pela perda da filha e do irmão no mesmo acidente.
“Todas as vidas importam”: campanha cobra justiça para demais vítimas
A divisão do seguro gerou forte comoção entre os familiares das outras vítimas. A filha do piloto, Vitória Medeiros, publicou um vídeo nas redes sociais dizendo que tentou resistir ao acordo, mas foi pressionada a aceitar para não judicializar o processo. “É um seguro por morte. Foram cinco vítimas. Todas as vidas valem igualmente”, desabafou.
O pai do produtor Henrique Bahia, George Costa, também comentou a escolha pela via extrajudicial: “Preferi aceitar naquele momento. Não adiantava receber mais daqui a 10 anos e não poder dar uma boa base para as crianças agora. Todos assinaram. Foi um acordo, não um processo.”
Em meio ao crescente sentimento de injustiça, os familiares lançaram a campanha “Todas as vidas importam”, tentando chamar atenção para a disparidade no tratamento dado às vítimas. O movimento ganhou força nas redes sociais e pode culminar em uma nova ação judicial — desta vez questionando a legitimidade do acordo inicial.
O advogado da família de Marília, Robson Cunha, declarou que os valores foram apresentados pela seguradora e que “quem não concordar pode buscar os direitos na Justiça”. A declaração não apaziguou os ânimos e reforçou o coro por equidade e respeito a todas as famílias afetadas.
Marília Mendonça morreu aos 26 anos, no auge da carreira, deixando um filho pequeno e uma legião de fãs. Mas a dor pela perda da cantora agora se soma à dor de outras famílias que, além de sofrerem com a ausência, ainda enfrentam o sentimento de invisibilidade diante da forma como o caso foi tratado.