Impacto das tarifas sobre carne bovina e café: análise detalhada de José Roberto Mendonça
As tarifas de 50% dos Estados Unidos prometem afetar temporariamente o setor de carne bovina e criar um desafio para o mercado de café brasileiro. José Roberto Mendonça, economista, oferece um panorama direto e instigante sobre as implicações das novas tarifas, que podem baratear e até retirar pequenas cadeias de mercado.
Desdobramentos da carne bovina sob novas tarifas
No último evento “SomosCoop + B3”, o economista José Roberto Mendonça revelou que a carne bovina pode sentir um impacto momentâneo devido às tarifas impostas pelos Estados Unidos. Esses impostos, que atingem um dos principais mercados compradores brasileiros, já começam a criar um efeito dominó entre produtores, especialmente os de hambúrguer, que sentem a falta da matéria-prima adequada.
Mendonça ressaltou que enquanto grandes empresas podem ter algum espaço para manobra, os produtores menores, especialmente os envolvidos com o mel, sentem a ‘pancada’ das tarifas de forma mais severa. Essa situação gera preocupação pelo fato de que muitos acabam sem um mercado viável, ressaltando a fragilidade de segmentos menos robustos que não conseguem redirecionar suas exportações, um ponto notável em relação à cadeia do mel.
O impacto já é sentido, e Mendonça enfatizou que os exportadores de países que não enfrentam as tarifas devem aprovechar a oportunidade. “O cenário exige um rearranjo do mercado, onde países da América Latina provavelmente aumentarão suas vendas para os EUA enquanto o Brasil buscará alternativas em outros destinos”, explicou, insinuando uma reconfiguração significativa na oferta e demanda global.
No que se refere ao café, a situação é crítica. Mendonça observa que, se por um lado a força do Brasil no mercado é indiscutível, a falta de alternativas para suprir a oferta de 8 milhões de sacas de café poderá resultar em um “teste de interesses” para o setor. A dependência do mercado americano pode criar tumultos e elevar a inflação por lá, implicando uma resposta acirrada das autoridades.
Embora as previsões apontem para uma redução de 2% no crescimento do PIB do Brasil devido a essas tarifas, Mendonça acredita que o agronegócio, notadamente liderado por altas taxas de produtividade e inovações tecnológicas, continuará sua trajetória de crescimento. Esta perspectiva traz à tona a resiliência do setor, que tem mostrado capacidade de se adaptar mesmo sob pressão, reforçando a posição do Brasil no cenário internacional.