Também o cateretê, inicialmente uma dança religiosa indígena, na qual os Índios batiam palmas, seguindo o ritmo da batida dos pés, deu origem a \”catira\”. A catira passou a ser um costume de caboclos, antigamente chamados de \”cabolocos\”. Com o avanço dos brancos em direção ao Mato Grosso e Paraná a cultura caipira foi junto, levada principalmente pelos tropeiros. Hoje o termo \”Caipira\” generalizou-se sendo para o citadino uma figura esteriotipada. Mas esse ser escorregadio e desconfiado por natureza, resiste às imposições vindas de fora.
Tem uma espécie de cultura independente, como a dos Índios. Infelizmente alguns intelectuais passaram de modo errôneo a imagem do caipira. Hoje as festas \”caipiras\” que se encontram nas cidades e nas escolas não passam de caricaturas de uma realidade maior. Foi criada uma deturpação do que o povo brasileiro possui de mais profundo e encantador em suas raízes. \”A primeira mistura\”, a pedra fundamental. O falar errado do caipira não é proposital. Permanecendo ele afastado das cidades, mantém no seu dialeto, muito conhecimento, que o homem da cidade já perdeu, com sua prosperidade aparente.
O caipira conhece as horas apenas olhando para o céu e vendo a posição do sol. Sabe se no dia seguinte virá chuva ou não, pois conhece a fundo o mundo natural. Tem um chá para cada doença, uma simpatia para cada tristeza… Para o citadino o caipira virou motivo de divertimento, quando deveria ser o exemplo de amor à terra. Do antepassado Índio ele herdou a familiaridade com a mata, o faro na caça, a arte das ervas, o encantamento das lendas. Do branco a língua , costumes, crenças e a viola, que acabou sendo um dos símbolos de sua resistência pacífica. Muitos são os ritmos executados na viola, da valsa ao cateretê.
Temos Cateretê baião; Chula polca; Toada de reis: Cateretê- batuque, Landú, Toada; Pagode, etc. Apesar de parecer um homem rústico, de evolução lenta, nas suas mãos calejadas ,ele mantém o equilíbrio e a poesia da fusão duas etnias. E traduz seu sentimento acompanhado da viola, companheira do peito, onde canta suas esperanças, tristezas e as belezas do nosso país.
A música rural, criativa , contrapõe-se aos modismos vindos do exterior. Ainda é uma forma resistente de brasilidade, feita por um do povo que conhece muito o chão do nosso país. Hoje estão querendo fazer uma fusão cultural, a do \”caipira\” com o \”country\” americano. O que se vê, é gente fantasiada de \”cowboy\”, mas que não sabe sequer em qual fase da lua estamos…
Para homenagear o verdadeiro caipira paulista aqui temos uma música bem conhecida:, cantada pelo jovem violeiro Rodrigo Matos, composição de Cacique e Carreirinho;
Pescador e Catireiro
Comprei uma mata virgem
Do coronel Bentuira
Fiz um rancho de barrote
Amarrei com cipó cambira
Fiz na beira da lagoa
Só pra pescar traíra
Eu não me incomodo que me chamem de caipira
No lugar que eu chego e canto
Muita gente admira
Canoa fiz de paineira
Colaboração: Dony Cowboy