Investigação da China sobre carne bovina se estende, impactando o mercado; alívio momentâneo para o Brasil
O Ministério do Comércio da China (MOFCOM) decidiu prorrogar sua investigação sobre as importações de carne bovina, estendendo o prazo até novembro. Essa prorrogação traz um alívio temporário à indústria brasileira em meio à pressão das tarifas dos EUA.
Investigação da carne bovina e seus impactos
O MOFCOM anunciou nesta quarta-feira (6) que a investigação de salvaguarda sobre as importações de carne bovina estrangeira, iniciada em dezembro de 2024, ganhou mais três meses de apuração, agora com prazo final previsto para o fim de novembro. Essa medida surge em um momento crítico para o setor, que já sente os efeitos das tarifas impostas pelos Estados Unidos.
Felipe Fabbri, analista da Scot Consultoria, destaca que o adiamento da decisão era uma necessidade, frente à expectativa de tarifas adicionais e cotas que alarmavam o setor. A preocupação se intensifica durante o período em que a China, tradicionalmente, amplia suas compras de carne bovina para atender à demanda do Ano Novo Lunar.
A situação atual evidencia a pressão crescente sobre o mercado brasileiro, principalmente com o aumento das barreiras comerciais por parte da China e a nova alíquota de 50% sobre produtos brasileiros, que entrou em vigor nesta quarta-feira. Fabbri aponta que essas tarifas podem reduzir ainda mais a margem de lucro e dificultar o escoamento da produção para a indústria.
A investigação de salvaguarda, conforme explica o advogado Welber Barral, do escritório Barral Parente Pinheiro, é um mecanismo usado para proteger a indústria local quando há um crescimento acentuado nas importações de um produto. Este expediente é diferente dos casos de antidumping, pois abrange todos os países exportadores, não apenas um específico.
As importações de carne bovina na China cresceram alarmantes 106,28% no primeiro semestre de 2024 em comparação ao mesmo período de 2019, segundo Barral. Se a China comprovar que tal aumento prejudica sua indústria local, poderá instituir cotas ou tarifas restritivas, o que impactaria diretamente o Brasil, um de seus principais fornecedores.
Por enquanto, a prorrogação da investigação oferece um respiro temporário ao setor pecuário brasileiro, que já lida com os efeitos das medidas restritivas dos EUA. Essa extensão do prazo pode permitir novas negociações diplomáticas e ajustes estratégicos nas exportações, representando uma esperança em tempos de incertezas para a carne bovina brasileira.