O outro lado da fortuna: Gusttavo Lima e o polêmico custo de shows para prefeituras que impacta a cultura e setores essenciais das cidades
Nos últimos dias, Gusttavo Lima, o renomado cantor sertanejo, viu sua imagem de luxo e ostentação abalada por uma investigação policial. Conhecido por suas extravagâncias em redes sociais, como viagens em iates e voos em jatinhos, o artista está sob suspeita de estar envolvido em um esquema de lavagem de dinheiro ligado a jogos ilegais. A situação se agravou quando a Justiça bloqueou R$ 20 milhões de sua fortuna e decretou o sequestro de vários bens, incluindo imóveis e embarcações da sua empresa, a Balada Eventos e Produções.
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Entretanto, fora do foco dessa investigação, há uma fonte de renda de Gusttavo Lima que levanta polêmicas: os cachês exorbitantes que ele recebe para se apresentar em pequenas e médias cidades brasileiras. Em um levantamento exclusivo do portal ICL Notícias, ficou comprovado que, apenas em 2024, o cantor faturou R$ 12,3 milhões em onze shows pagos por prefeituras. A pergunta que surge é: até quando os municípios continuarão a usar grandes quantias de seus orçamentos para essas contratações, colocando em risco investimentos em educação e saúde?
Um exemplo alarmante é o show que Gusttavo Lima realizou em Mara Rosa, Goiás, que possui apenas 10 mil habitantes. O cantor recebeu a impressionante quantia de R$ 1,1 milhão, o que representa 10,35% do orçamento municipal destinado ao setor cultural. Ao dividir esse valor pelo número de habitantes, o custo por cidadão chega a R$ 102,80. Prefeitos que fazem essas escolhas poderão estar comprometendo recursos que poderiam aprimorar serviços essenciais.
A situação não é única. Em Campo Verde, Mato Grosso, o cantor também recebeu R$ 1,1 milhão, abrangendo 52,78% do orçamento municipal dedicado à cultura para o ano de 2024 – uma quantia inaceitável, dadas as necessidades da população. Críticos, como Flávia Cavalcante, presidente do PT municipal em Mara Rosa, questionam a moralidade desse gasto, considerando a falta de investimentos em áreas fundamentais como saúde e educação, enquanto um artista ganha uma fortuna em uma única apresentação.
A história de Gusttavo Lima não é nova. Em 2022, ele enfrentou um escândalo semelhante, onde prefeituras estavam dispostas a comprometer grandes parcelas de seus orçamentos para pagar cachês astronômicos a artistas sertanejos. Apesar das críticas direcionadas à Lei Rouanet, muitos destes artistas continuavam a receber valores desproporcionais de pequenas cidades. Gusttavo Lima, em particular, destacou-se por seus cachês elevados, sendo frequentemente o artista mais bem remunerado.
Atualmente, enquanto as investigações por lavagem de dinheiro de jogos ilegais continuam, os shows em prefeituras parecem não ter gerado consequências legais para o cantor. No entanto, o questionamento persiste: até quando essa prática de altos cachês poderá ser sustentada, sem que haja uma discussão mais ampla sobre o uso responsável do dinheiro público? O panorama requer atenção e ações que assegurem que recursos municipais sejam alocados de maneira eficaz, priorizando o bem-estar da população.