Gusttavo Lima acumula processos milionários envolvendo seus ex-funcionários e passou a ser investigado por superfaturamento em seus shows
O cantor sertanejo Gusttavo Lima virou alvo de investigação nos últimos meses por causa de uma série de shows milionários pagos por prefeituras do interior do Brasil, provocando o início da chamada CPI do sertanejo. Em seguida, o g1 trouxe à tona várias denúncias e processos judiciais que o cantor sertanejo foi envolvido com ex-funcionários do ramo musical.
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Com cachês de até R$ 1,2 milhão, Gusttavo Lima foi processado por 2 roadies (técnicos de apoio que viajam com a banda em turnê, encarregados de lidar com as produções de shows), que foram contratados pelo famoso no ano de 2015 e deixaram o cargo em 2017 e 2018, respectivamente.
Naquele período, o famoso recebia aproximadamente R$ 300 mil por show, e pagava para seus músicos algo em torno de R$ 5,9 mil ao mês. Um dos ex-contratados informou que Gusttavo Lima tinha 3 roadies, o que significa que, com somente 2% do valor do cachê de uma noite, o cantor custeava o salário mensal desses funcionários. Já com 6%, ele bancava a equipe toda.
Contudo, eles expuseram que os contracheques recebidos apresentavam quantias menores que a remuneração que ganhavam. Um comprovante de janeiro de 2018 apontava que eles recebiam somente R$ 2,5 mil. Dessa maneira, os direitos trabalhistas e imposto pagos por Gusttavo Lima aos colaboradores eram menores, visto que os cálculos se baseavam nos valores reduzidos.
Sendo assim, Gusttavo Lima foi condenado pela Justiça do Trabalho nos dois casos e ainda foi obrigado a pagar as diferenças nos direitos aos trabalhadores e nos impostos ao Estado. Calculada em R$ 137 mil, uma das ações, por exemplo, terminou de ser paga em abril de 2022.
Para o g1, a advogada trabalhista Ana Cláudia Arantes disse que a prática adotada é uma fraude: “Isso é uma forma de burlar a legislação trabalhista, pois assim se paga menos impostos (que são gerados sobre a folha de pagamento), diminui a base de cálculo do recolhimento de INSS do empregado e gera pagamento menor ao trabalhador de horas e reflexos, férias, 13º e FGTS. É um prejuízo para o trabalhador e para os cofres públicos”.
Cantor sertanejo chorou após ser alvo de investigação
“Eu nunca me beneficiei ‘sobre’ dinheiro público. Eu não compactuo com dinheiro público, sou um cara que tenho meus impostos em dia. Sobre shows de prefeitura, acho que todos os artistas fazem ou já fizeram show de prefeitura, e isso, na minha forma de pensar, é sobre valorizar a nossa arte”, desabafou ainda.
“Se eu custo um [milhão], não é pela prefeitura que vai me pagar meio. Todos nós temos contas para pagar, seja [em shows] para prefeitura ou shows privados. Eu sou um cara que faço pouquíssimos shows de prefeitura e, quando a gente às vezes faz algum, a gente é massacrado como se fosse um bandido, como se fosse um ladrão que estivesse roubando dinheiro público. E não é assim, gente. Eu sou um trabalhador normal”, disse o cantor sertanejo Gusttavo Lima, chorando.