Dólar à vista enfrenta baixa consecutiva; expectativas sobre juros nos EUA dominam o mercado
O dólar à vista caiu pelo quarto dia seguido, refletindo uma pressão positiva do real e as apostas de cortes na taxa de juros pelo Federal Reserve. Esse cenário fomentou um otimismo cauteloso no mercado financeiro brasileiro, mas o embate comercial com os EUA permanece em foco.
Expectativas sobre o real alimentam o otimismo no mercado
Na quarta-feira, o dólar à vista encerrou o dia em queda de 0,78%, sendo cotado a R$5,4627. A moeda acumula uma desvalorização de 2,5% desde o fechamento da última quinta-feira, impulsionada por ganhos em outras moedas emergentes.
Essa retração no valor do dólar ocorre em um cenário global marcado por expectativas de cortes nos juros norte-americanos, especialmente após um recente relatório de emprego que desapontou os analistas. No centro das atenções está a recente renúncia da diretora Adriana Kugler e os comentários de Neel Kashkari, presidente do Fed de Minneapolis, que acredita que a desaceleração da economia possa exigir duas reduções de juros ainda este ano.
Entretanto, a trajetória do real também se relaciona com a forte performance da bolsa brasileira. No mesmo dia, o Ibovespa viu um avanço de 1,12%, fechando em 134.637,97 pontos, sinalizando um apetite renovado dos investidores por capital estrangeiro, que busca oportunidades no Brasil.
Conforme os operadores avaliaram, a probabilidade de um corte de 0,25 ponto percentual nos juros em setembro saltou para impressionantes 96%, uma ascensão significativa comparada à expectativa de menos de 50% na semana anterior. Essa mudança é um sinal claro de que o mercado financeiro está reagindo às incertezas globais, bem como às novas oportunidades que surgem no Brasil.
Apesar das expectativas otimistas, o ambiente local ainda não está isento de desafios. O governo brasileiro enfrenta um embate crucial com os Estados Unidos devido à recente imposição de uma tarifa de 50% sobre produtos brasileiros, uma decisão do presidente Donald Trump que pode afetar severamente setores inteiros. Em uma entrevista, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva expressou que não vê espaço para negociações diretas, reafirmando a posição de que o Brasil não pretende retaliar com tarifas semelhantes.
A realidade complexa por trás da alta do real sugere que fatores externos e internos estão em constante tensão. Enquanto os mercados financeiros respondem positivamente a cortes potenciais de juros e a um influxo de capital, as incertezas decorrentes do embate comercial com os EUA colocam uma sombra sobre esse otimismo. A luta do Brasil em garantir isenções sobre os produtos afetados e o plano de contingência para setores impactados continua sendo um debate fervoroso entre os investidores.