Muitos fãs de música sertaneja desejam que “Evidências” se torne o Hino do Brasil, mas poucos sabem que Chitãozinho e Xororó já criaram um hino para o nosso país

Quem nunca ouviu “Evidências” ou não se emocionou com essa canção que para muitos é o hino não oficial brasileiro? Lançada há mais de 30 anos, em 1990, foi composta por José Augusto e Paulo Sérgio Valle, e fez um enorme sucesso em todo o Brasil, sendo até reconhecida internacionalmente nas vozes icônicas de Chitãozinho e Xororó.

Evidências” é a música mais popular em karaokês pelo país e, em termos de números, é a canção mais ouvida nas últimas décadas. Dados do ECAD (Escritório Central de Arrecadação e Distribuição) mostram que é a música mais tocada em bares e casas noturnas no Brasil. Existem inúmeras regravações e o duo sempre a apresenta, fazendo com que o público cante junto.

A canção é tão emblemática na música brasileira que muitos fãs pedem a transformação de “Evidências” em um novo hino nacional. Embora já seja chamada de “hino extraoficial”, imagine se houvesse um reconhecimento oficial a Chitãozinho e Xororó?

Hoje, queremos compartilhar um fato interessante sobre a dupla e o hino nacional ao mesmo tempo. Você sabia que Chitãozinho e Xororó gravaram uma música que é considerada o “Hino dos 500 anos do Brasil“?

Vamos explorar essa história agora.

Chitãozinho e Xororó e o “hino dos 500 anos”

Chitãozinho e Xororó

Natural de Astorga, no interior do Paraná, Chitãozinho e Xororó completaram 50 anos de carreira no ano passado e, ao longo de suas muitas conquistas, já deixaram sua marca na história. Eles são a dupla com mais prêmios Grammy Latinos no Brasil e chegaram a gravar um hino nacional para o país.

No ano 2000, celebramos os 500 anos de descoberta do Brasil, que ocorreu em 1500. Um ano antes, o então Presidente Fernando Henrique Cardoso decidiu que seria criado um “novo” hino para comemorar essa data. A responsabilidade ficou a cargo do Ministro do Turismo da época, Rafael Greca de Macedo, que é o atual prefeito de Curitiba.

Em março de 1999, Rafael convidou Chitãozinho e Xororó para compor e cantar a canção que ficaria marcada na história. Em agosto daquele ano, Chitãozinho ligou para dizer que a letra estava pronta e enviou-a via fax. A música, intitulada “500 Anos”, foi escrita por Paulo Bettio e Paulo Rezende.

Rafael ficou emocionado com a letra e pediu uma coletiva de imprensa para anunciar a canção de Chitãozinho e Xororó. A letra era tocante e continha versos como “O meu país é uma arena gigantesca / onde eu bebo água fresca nas cacimbas do sertão”, mas acabou gerando polêmica, pois outros artistas questionaram porque os sertanejos foram escolhidos para interpretar a canção comemorativa, quando havia tantos outros estilos e artistas populares no Brasil.

Após a controvérsia, que chegou até os círculos políticos, Greca declarou à revista Istoé que a música não era oficial: “Ninguém pagou nada pela música. Logo, ela não pode ser considerada um hino ou canção oficial. Que venham todos os sambas, frevos, raps e maracatus. Será muito bonito se os grandes poetas da Bahia, como Gil e Caetano, Gal e Bethânia, Daniela, Armandinho, Carlinhos Brown e tantos outros, revoguem a música do Chitão como a única”.

Chitãozinho, com um tom mais afiado, respondeu na época: “Vou divulgar nossa música, e os demais é que devem divulgar o que fizerem. O povo cantará o que preferir na comemoração dos 500 anos. Apenas atendemos a um pedido do ministro, que é nosso . Isso nos enche de orgulho e pode incomodar alguns.”

A música em si não fez tanto sucesso e é pouco lembrada atualmente. No entanto, a faixa, que faz parte do álbum “Alô”, lançado em 2000, é frequentemente mencionada quando se fala do “Hino dos 500 Anos”.

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